quinta-feira, 25 de setembro de 2008

RODELLAR E RIGLOS


Riglos (então, as presas são ou não são GRANDES?)


Rodellar, via DOLPHIN (7c+) no sector Las Ventanas del Mascún (em baixo)

Olá!
Como prometido, venho falar-vos de um dos sítios que mais me marcou nestes já quase 5 anos de escalada da minha vida, talvez mesmo o mais marcante, a par de Kalymnos e Mallorca: RODELLAR.
Tudo começou, como não podia deixar de ser, numa viagem do CAAL, em ARCO: aí, o André e o Marc falaram-me tão bem de Rodellar que imeditamente pensei para comigo “este Verão não passo sem lá ir!”.
E assim foi: no dia 19 de Julho lá ia eu com o André, o Flávio (irmão do André) e o Bibs rumo ao “El Dorado” da escalada! Chegado a Rodellar (perto de Zaragoza, Espanha), não me desiludi:diante de mim, COVAS imponentes “incrustadas” em
intermináveis formações rochosas.
A escalada em Rodellar é fácil de descrever em poucas palavras porque não há muitas palavras que consigam explicar a sensação de liberdade que nos invade enquanto ascendemos por aquelas enormes paredes extraprumadas, repletas de CHORREIRAS. É uma escalada extremamente técnica e específica onde abundam lolotes, pinças, entalamentos, uma escalada realmente envolvente e gratificante a partir do momento em que apanhamos as “manhas” da rocha.
Outra coisa única em Rodellar é o ambiente: as árvores, a ribeira que passa literalmente no meio dos vários sectores e (o que mais me impressionou), o próprio ar que se respira...Em Rodellar “respira-se” escalada! É impossível estar-se em Rodellar e não se ficar OBSECADO (no bom sentido) pela escalada, nada centra mais as atenções que ela (quer dizer, também havia lá umas miúdas bem giras, mas mesmo isso vinha em segundo lugar!).

Mas falta falar-vos daquilo que foi a “cereja no topo do bolo”...RIGLOS!
A 60 km de Rodellar, Riglos é,como se vê nas fotos, uma impressionante massa rochosa que se ergue, do nada, no meio de uma pequena aldeia. Aliás, as fotos não são suficientemente fiéis à verdadeira imponência da parede, mas só para terem uma ligeira noção, na noite em que dormi no parque de estacionamento perto dos mallos de riglos, ao ar livre, estive acordado até às 3 da manhã, extasiado com a dimensão daquela parede, capaz até de tapar o brilhante luar dessa noite, deixando tudo à sua volta na mais negra escuridão.
Na manhã seguinte começámos a escalada!Eu iria fazer uma via chamada FIESTA DEL BICEPE (foto:La Visera) e eis aqui outra particularidade: a via é tão conhecida e feita por tantas pessoas que, desde a base da via, olhando para cima, era perceptível uma extensíssima linha branca de magnésio ao longo de 300 metros de altura que não era mais que a linha da via. E se este “caminho” de magnésio, visto de baixo, dava uma ideia aproximada da altura respeitável da parede, imaginem a linha visto de cima ...
Para mim este foi, sem qualquer dúvida, o momento alto (em todos os sentidos...) desta viagem!
São 300 m sempre a disfrutar da escalada, SEMPRE com presas MUITO GRANDES (ver fotos!) e em extraprumo, o que também ajuda a não ter problemas com as quedas. Acreditem em mim, as presas eram mesmo muito grandes ao ponto de se sentir facilmente confiança para, a 250 metros de altura, tirar os pés da parede e ficar pendurado só pelos braços a apreciar a porção de “estrada branca” que já percorremos e o voo dos ABUTRES abaixo de nós!É simplesmente genial...Tão genial que creio que compreenderão uma “falha” minha: a certa altura, estava eu a abrir o meu largo, aquele que era suposto ser o antepenúltimo largo da Bigwall, e estava a disfrutar tanto da escalada, estava tudo a ser tão natural e fluído que simplesmente passei pela reunião do fim do largo, protegi sem sequer dar por ela e continuei para cima. Ora o meu parceiro de cordado, o Zé “Pistolas”, começou a ficar preocupado porque estávamos com uma corda de 60 metros que já estava quase a acabar e eu já estava quase sem expressos (notou ele...), por isso ele gritou-me : “Tiago, já deves ter passado o topo!!”. Eu, que só queria continuar a escalar, gritei-lhe que não, que ainda não tinha passado ( e a sério que estava mesmo convencido disso, não tinha mesmo visto a reunião!) e assim, continuei a escalar mais duas protecções, pensando que a reunião devia estar mesmo a aparecer. O facto é que, olhando para cima, não vislubrava nada e olhando para o meu porta-material...também não!...Não me restou alternativa senão resignar-me a que tinha passado pela reunião e que tinha por isso que descer até ela...

Bom, mas no fim, chegámos todos bem lá acima e com um sorriso na cara, daqueles que não nos saiem tão cedo e que nunca se esquecem...
Recomendo a todos esta experiência até porque ela é acessível a muitas pessoas do CAAL que conheço! Há muitas vias, umas mais dificeis outras mais fáceis, como em todo o lado.
E pronto, foi assim!..:D

P.S.- Se tiverem dúvidas ou comentários, estou á disposição!;)

1 comentário:

Anónimo disse...

Tiago, queria desde já mandar-te as melhoras e que voltes rápido. Em relação a Rodellar também quero ir...
Quando fores diz-me que estou interessado em ir.

Abraço
Miguel Silva